
A implementação de um Selo Verde para a navegação brasileira foi tema de um trabalho apresentado à PIANC durante o Congresso Mundial da associação, realizado na Cidade do Cabo, África do Sul. Nos painéis técnicos, Augusto Vendan, gerente de Afretamento da Navegação na ANTAQ, destacou que a agência estuda a criação do selo para promover a sustentabilidade no transporte marítimo nacional e reduzir as emissões de gases de efeito estufa. O trabalho, escrito por Vendan em parceria com Cyrce de Queiroz, coordenadora de Relações Internacionais da ANTAQ, reforça o compromisso dos técnicos brasileiros com a inovação e a sustentabilidade.
O estudo propõe avaliar a eficiência da frota nacional e, em seguida, sugere a implementação de um selo para empresas que adotam práticas de navegação marítima limpa em suas cadeias logísticas, seguindo metodologias reconhecidas internacionalmente. Na prática, isso envolveria o setor público utilizando ferramentas regulatórias para identificar soluções ambientais no transporte fluvial e promover práticas mais sustentáveis através de sua estrutura regulatória.
Vendan explica que a intenção é que o selo seja implementado tanto na cabotagem. "O transporte marítimo mundial emite cerca de 3% das emissões de gás carbônico e, embora seja significativamente mais limpo, também é mais lento do que caminhões, trens e aviões. Portanto, a ideia é aprimorar ainda mais a redução das emissões de gás carbônico, o que já está em curso no nível mundial através de melhorias na velocidade dos navios e na qualidade do combustível”, explica.
A proposta é que o selo seja aplicado às embarcações, mas que também tenham impacto sobre produtos transportados. Isso poderia levar as pessoas a reconhecerem que o transporte daquele produto foi realizado com uma abordagem ambiental mais responsável. Assim, essa iniciativa tem o potencial de beneficiar tanto o setor marítimo quanto o portuário, ao promover uma consciência ambiental mais ampla e positiva.
“Navios transportam grandes volumes de carga de diversos tipos, e em um momento em que a conscientização sobre a exploração da cadeia é crescente, esse selo pode ser um catalisador para um ciclo positivo, reconhecendo a eficiência e os benefícios sociais de impactar menos o meio ambiente", completa.
No estudo, os especialistas ressaltam que o Brasil é membro da Organização Marítima Internacional (IMO) e destacam o compromisso dos estados-membros em adotar medidas para reduzir as emissões de gases de efeito estufa dos navios. Uma estratégia inicial foi adotada em 2018, estabelecendo uma meta de emissões líquidas zero até 2050, com uma redução de 30% até 2030.
É nesse sentido que a criação de um selo verde para empresas do setor surge como uma solução potencial para alinhar metas de redução de emissões com o desenvolvimento do transporte marítimo, incentivando práticas mais sustentáveis para empresas e consumidores.

O trabalho foi apresentado no Congresso Mundial da PIANC, que ocorreu entre 29 de abril e 3 de maio, na Cidade do Cabo, na África do Sul. Um total de 13 trabalhos de brasileiros foram destacados durante o evento internacional. Entre eles, estão contribuições de técnicos da ANTAQ, representantes de portos, empresas de navegação e instituições de ensino brasileiras.
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